O que é análise heurística?
Como direcionar o design da interface para um ambiente user-friendly? Que abordagens visuais e funcionais utilizar?
Ou: como ter certeza de que o usuário vai entender e conseguir navegar de forma fluida?
Heurística, palavra derivada da expressão "eureka" - algo como "encontrei!" ou "descobri!" - expressa o ato de solucionar situações através do pensamento crítico e da experiência. Todos a praticamos, e a sua análise se refere ao estudo da interação do usuário com uma plataforma. Assim, analisar "heuristicamente" algo significa compreender os gatilhos e elementos com os quais interagimos dentro de um ambiente, através do reconhecimento de padrões comportamentais.
A análise, então, acontece a partir de certos critérios, como a forma com que as informações são apresentadas, sua visibilidade, a acessibilidade do sistema e se a jornada do usuário é ininterrupta ou possui erros que o desconectem do ambiente, sempre verificando a usabilidade e experiência como um todo. Mapeando os aspectos que possam eventualmente afastar o usuário do sistema, é possível trabalhar melhorias e aprimorar cada vez mais a interface, agregando valor ao produto.
A definição dos critérios a serem utilizados é o primeiro passo. Embora existam diversas formas de se realizar a análise, a heurística clássica e mais utilizada é a de Nielsen, que apresenta 10 regras direcionadoras na avaliação da interface e sua adaptação, tornando-a mais aderente e funcional.
As 10 heurísticas de Nielsen
1. Sistema e usuário na mesma página (Visibility of system status).
Estar imerso em um ambiente digital faz com que percamos algumas referências físicas, como a de espaço, onde estivemos e para onde iremos. Dar visibilidade às etapas percorridas dentro do ambiente é fundamental para que o usuário se sinta em casa. Por isso, fazê-lo reconhecer o caminho percorrido e o caminho de volta através de elementos como breadcrumbs e botões de "voltar" é uma feature essencial para uma experiência completa.
2. Extensão do mundo real (Match between system and the real world)
A melhor interface é aquela que reconhecemos, que instintivamente já sabemos como funciona. Inserir elementos
e lógicas do mundo real, como ícones, ajuda o usuário não só a identificar certas seções com facilidade como se sentir
mais familiarizado com o ambiente. Quanto mais intuitivo o sistema criado, maior a chance de sucesso e de um uso sem complicações.
3. Cadê o ctrl Z? (User control and freedom)
Quem nunca se sentiu aliviado ao saber que o arquivo deletado por engano na verdade pode ser recuperado na lixeira? Permitir que o usuário desfaça ações dentro da plataforma oferece maior independência e liberdade, possibilitando que os seus equívocos não tenham consequências definitivas, e nem que a jornada seja interrompida abruptamente.
4. Consistência em todo o ambiente (Consistency and standards)
O omnichannel que o diga. Usar sempre os mesmos elementos como fonte, cores, estilos de ícone e localização de botões, seja no site ou em qualquer comunicação digital, fazem o usuário reconhecer melhor o ambiente. Mantendo a consistência, tanto visual como funcional, o usuário tem mais autonomia de uso.
5. Prevenção de erros é o melhor remédio (Error prevention)
A quinta heurística trata-se da antecipação de possíveis equívocos, como quando o sistema pede a validação de uma ação a seguir, por exemplo. Para evitar que um erro seja cometido, estas confirmações são ideais para não frustrar o usuário, garantindo uma experiência mais fluida e a certeza das próximas ações.
6. Quanto mais intuitivo, melhor (Recognition rather than recall)
Interfaces fluidas que facilitam a usabilidade a partir de sugestões, como por exemplo a do sistema de arquivos recentes para serem abertos em um determinado programa, ou até mesmo a pesquisa do Google, que recomenda resultados que completem a frase escrita, poupam o usuário de precisar lembrar todas as etapas da ação que pretendia localizar, oferecendo mais dinamismo.
7. Do leigo ao experiente (Flexibility and efficiency of use)
Todo sistema tem seu público-alvo, e considerá-lo ao projetar uma interface ajudará no desenvolvimento de uma plataforma que seja acessível, e que possa englobar pessoas com todos os níveis de fluência no digital — instruções claras, com indicações compreensíveis são elementos fundamentais.
8. Menos informação, melhor usabilidade (Aesthetic and minimalist design)
Você já deve ter ouvido a expressão "menos é mais". Nesse caso, ela resume a oitava heurística: quanto menos elementos em uma interface, melhor será a concentração do usuário e, consequentemente, sua compreensão. Por isso, rever a quantidade de textos, assim como optar por cores e fontes que facilitem a leitura, por exemplo, é uma forma de melhorar
a usabilidade.
9. Uma palavra: comunicação (Help users recognize, diagnose, and recover from errors)
Ajudar a reconhecer erros e recuperar-se deles também se faz essencial. Ou seja: em caso de equívoco na digitação de algum dado, por exemplo, o sistema pode sugerir um caminho para a solução, esclarecendo o erro cometido a fim de guiar o usuário ao resultado correto, tudo através da comunicação.
10. Ajuda sempre presente (Help and documentation)
Por fim, permitir que o usuário tenha mais independência, podendo buscar pela solução do seu problema antes de solicitar suporte da equipe, por exemplo, é necessário para qualquer interface. Por isso, garanta um botão de ajuda de fácil acesso e o usuário poderá ter mais autonomia na solução de problemas.
Entender o desempenho atual de uma interface, assim como avaliar a forma como as informações são arquitetadas e como o sistema foi projetado tem um grande peso na usabilidade e no seu valor enquanto produto. Portanto, ao realizar uma análise heurística, pergunte-se se a interface: