Introdução
Se você encontrou esta página, deve estar curioso em entender por que se fala tanto em Design Thinking atualmente. Como funciona essa ferramenta tão utilizada em empresas, startups, escolas e até governos? Como esta "forma de pensar" atingiu tamanho sucesso nas iniciativas de inovação? De onde ela veio?
Bem... para começar, a prática do Design Thinking é mais antiga que o termo em si: fazer Design Thinking nada mais é que pôr o Design em prática! Ou seja: aplicar uma abordagem estruturada para a resolução de problemas, utilizada há décadas por engenheiros, arquitetos, artistas e designers em todo o mundo.
De forma bem resumida (e simplificada), podemos dizer que o termo "Design Thinking" tem suas origens entre as décadas de 1950 e 1960 em círculos de engenharia e design nos Estados Unidos. Sua popularização, entretanto, deu-se através de formadores de opinião como David Kelley, Tim Brown e, principalmente, pela ascensão da IDEO como pioneira na área.
Por que Design Thinking?
Nas últimas décadas, com a evolução tecnológica, aceleração dos mercados e diversificação de serviços oferecidos pelas empresas, ocorreu também um aumento na complexidade das operações, tecnologias, redes de distribuição e quadros hierárquicos das empresas.
Como poderíamos supor, este novo cenário tornou-se um terreno fértil para o surgimento de desafios ainda mais complexos. Hoje em dia, empresas de todos os tamanhos precisam lidar com problemas sem causas bem definidas; problemas esses que surgem apenas quando todas as partes estão em sinergia e que são de difícil solução por métodos tradicionais.
Esse novo paradigma na realidade das instituições passou a demandar uma abordagem mais holística e abrangente de investigação e proposição de soluções: era necessária uma nova ferramenta, capaz de incluir fatores humanos, comportamentais, políticos e tecnológicos na equação. É aí que entra o Design Thinking!
Por isso, instituições de todos os tamanhos passaram a enxergar no Design Thinking a ferramenta perfeita para diagnosticar e gerar ideias inovadoras em cenários de alta complexidade e grau de incerteza.
Nesse sentido, é importante esclarecer que o Design Thinking não é uma metodologia, e sim uma abordagem baseada na forma de pensar do designer. Não existe "um projeto de Design Thinking" e sim a utilização de conceitos do Design na condução de projetos específicos.
O Design Thinking é uma disciplina que tem como essência a solução de problemas de forma estruturada e empática. É adaptável a cenários, projetos e recursos diferentes. Pode ser implementada por diversos tipos de profissionais em diversas áreas de conhecimento.
A partir de um desafio (uma baixa eficiência no setor de distribuição de uma empresa, por exemplo), um projeto orientado pela abordagem do Design Thinking irá iniciar uma exploração profunda sobre o desafio, explorar as causas dos problemas que deram origem àquele desafio, entender as necessidades e demandas dos envolvidos, propor hipóteses e validar soluções. Tudo com base em ferramentas e atividades estruturadas.
Abordagem
Em praticamente todos os tipos de projetos, dos mais simples aos mais complexos, para criar produtos digitais ou estratégias corporativas, a abordagem baseada no design thinking pode ser utilizada. São as necessidades de cada projeto que irão definir as ferramentas e técnicas utilizadas em cada caso.
O Design Thinking tem como premissa encontrar o diálogo entre o que é desejável pelas pessoas, rentável para as organizações e o que tecnicamente possível de ser feito.
Para atingir esse meio termo, começamos por entender as pessoas, já que são elas que irão consumir e utilizar o produto ou serviço criado.
Por essa razão esta disciplina dá muita ênfase na experiência do usuário (ou do consumidor), o que chamamos d (User Experience) ou CX (Customer Experience).
Como já dizia Steve Jobs...
“Devemos começar pela experiência do cliente, fazendo um caminho inverso até a tecnologia”.
Embora consideremos essa abordagem, prioritariamente centrada no usuário, é muito importante que o design thinker também tenha noção de negócios. É essencial compreender e considerar as demandas da empresa para a qual se está projetando. Assim como um produto não será um sucesso se não trazer nenhum valor ao usuário, uma empresa não o colocará nas prateleiras se não gerar valor para ela mesma.
Como um terceiro aspecto, porém não menos importante, é preciso ter sempre em vista a praticabilidade técnica. Durante um projeto orientado pelo design thinking, a tecnologia não pode ser um limitador da criatividade. Ela deve atuar ajudando a materializar os conceitos desenvolvidos, dentro do que é tecnicamente viável para a empresa ou para o mercado.
Framework
Embora não exista uma fórmula pré-definida, alguns pontos são comuns em projetos orientados pelo Design Thinking. Sempre há uma etapa de pesquisa, em que são levantados dados sobre o desafio proposto, sobre o mercado, sobre as necessidades dos envolvidos, além de uma série de outras informações relevantes.
Esses insights são os recursos mais importantes para a continuidade de um projeto baseado nessa abordagem. Outros elementos comuns são as atividades colaborativas, seja para analisar as informações levantadas, para propor ideias ou definir estratégias.
O framework clássico de Design Thinking é o duplo diamante (Double Diamond). Seu nome faz referência direta ao seu formato: são dois losangos conectados, cada um representando um diamante.
Cada diamante se inicia com uma etapa divergente, saindo de um ponto comum e expandindo as possibilidades, seguido de uma etapa convergente, onde se parte de diversos insights diferentes, chegando em um entendimento ou solução única.
O modelo clássico do "double diamond" contempla as seguintes fases: discover, define, develop e deliver. Contudo, é possível achar outros modelos do mesmo framework, com outros nomes e até mais etapas. Nesse sentido, muito mais importante que a questão da nomenclatura é permanecer com o conceito de "abrir" e "fechar".
Aqui na Marte, por exemplo, seguimos com as seguinte etapas: Imersão, Análise, Ideação e Materialização.
O primeiro diamante representa as duas primeiras etapas, Imersão e Análise, e corresponde ao que chamamos de diamante da compreensão. É o momento do projeto dedicado à pesquisa, à investigação e à análise dos materiais levantados.
É, ao final deste diamante, que chegamos a um ponto de vista unificado em relação ao desafio, ao cliente e aos envolvidos. Já o segundo diamante é chamado de diamante da proposição e contém as etapas onde, de fato, se criam as alternativas para solucionar o desafio proposto e se desenvolvem as soluções.
Estúdio Marte e a Materialização
Também é válido explicar por quê, aqui no Estúdio Marte, chamamos a última etapa do framework de Materialização. Esta última etapa, que ocorre após a etapa de geração de ideias, precisa ter uma definição mais aberta, pois entendemos que o material gerado em processos deste tipo pode ser muito variado.
Em alguns casos pode ser desenvolvido um protótipo para testes, o que justificaria o nome de "prototipação", mas em outros casos pode ser feito apenas uma catalogação das ideias criadas, um relatório de descobertas ou um planejamento estratégico.
O termo "entrega", por sua vez, não deixa claro se algo será desenvolvido nesta fase. O termo "desenvolvimento", muito utilizado em projetos de design de uma maneira geral, soa como uma etapa intermediária.
O termo Materialização é amplo o suficiente para não passar uma noção errada a quem não entende muito bem o processo, mas deixa claro que é a etapa onde algo, relativo ao desafio inicial proposto, se tornará material, tangível.